28 dezembro 2007

Para Mário, irmão


Queria estar contigo nessa viagem,
uma trilha que não percorri
como tantas outras há.

São muitas e diversas as maneiras de sair pelo mundo
e temos mesmo de nos sentir pequenos
para sabermos o quanto somos grandes.

Vendo você e seu momento, revivo
e entendo um pouco melhor
quem fui, o que já passei e quem sou.

Vejo que há tanto por descobrir quanto para acontecer,
que não é preciso pressa, mas percepção e perseverança.

É bom estar ao seu lado
como é bom estar com um irmão
onde quer que estejas
Feliz Ano Novo!

24 novembro 2007

Outro dia
pensei que ontem
era o futuro que passou.
Hoje penso que posso
amanhã passar.
Pois ontem eu quis mais do que o tempo pode me dar

16 novembro 2007


Família!
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FELIZ ANIVERSÁRIO, MARCELO.
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05 outubro 2007

Gramática

Será que o velho formato da apresentação de slides é poema, enquanto um filme é prosa?
Em breve estudaremos audiovisual no ensino fundamental, espero.
Por enquanto, fiz isso aí http://picasaweb.google.com.br/marcelosalaroli/EspaOs

03 setembro 2007

O registro é arte?

O registro é arte, meu caro, arte parnasiana, tentar colocá-lo nas curvas barrocas é coisa para morsa ou para gênios. Essa arte é ofício, arte-ofício, artesão. Prescindir essa realidade é como prescindir o ar. É mergulho nas profundezas ocêanicas do conhecimento. É o risco de se afogar ou encontrar atlântida e quero mesmo é ultrapassar os riscos, preenchê-los com palavras, idéias ou imaginações, revelar propriedades, proprietários, profetas e profecias e sentir o som da matrícula, da partitura, inspirando-me para retificar as esculturas, não, não quero retificar, quero é bem contornar, quero explicitar cada curva, para longe de mim a bestialidade de enfileirar e enquadrar cinqüenta estrelas, gosto delas salpicadas ao léu, tão assistemáticas mas sempre guia dos navegantes.

28 agosto 2007

Grupos de e-mail
São imensas paredes
Livres ao grafitismo.
Mas uns estão nos pilares,
Outros em muros.
E você,
Quer ponte ou presídio?




(fonte da imagem: www.artbr.com.br/ruiamaral)

27 agosto 2007

"Só Cícero sabia a verdade"

Pensar já não é privilégio dos sábios e filósofos,
Os burgueses também pensam,
Ora com a bunda,
Ora com o estômago,
Mas a modernidade não tem preconceitos.

Completude


Quando ponho terno e gravata
Sinto desejo de caminhar pela Avenida Paulista
E flutuar pelos seus elevadores
E atirar meu pensamento no horizonte plúmbeo.
Quando encontrei o Jequitibá-rosa milenar
Só quis ficar nu


06 agosto 2007

Cansei. Mas isso já faz tempo, foi em 2.000. Em 27/08/2002 tive uma das noites mais felizes da minha vida. E como já era um cara cansado, não sofri as frustrações que lhe seguiram. Pelo contrário, em 2006 pude reiterar meus votos com a mesma tranqüilidade de 2002. Não tive o mesmo tesão, é claro, mas a segunda vez é assim mesmo. Com perspicácia e um pouco de sorte, não estou pegando vírus abrindo e-mail e ainda não forneci minha senha bancária a estelionatários.

01 agosto 2007

Se passar o fogo,
Ficará a brasa,
E ainda que me torne cinzas,
Para sempre serei lembrado.

04 julho 2007

Ambigüidades deliciosas

Conselho de registrador:
Faça um bom papel!

30 junho 2007

Poucas palavras


"Vou dizer o que me incomoda.
Você é um garoto meio introvertido, ou digamos, calado.
Ser calado não é defeito, é qualidade.
Quando eu era criança, não conseguia falar e fiquei gago.
Mas você é só um pouco reservado.
E a vida lhe deu uma alma muito rica.
Assim, quando se sente solitário,
pode entrar no jardim dos pensamentos
e conversar com sua imaginação.
Sei porque li suas poesias no primeiro grau.
Você tem coração de poeta,
Mas isso nem sempre o agrada.
É legal ter um tesouro, mas ele não pode se tornar um peso,
Quando se torna, vejo-o preso nos pensamentos.
Isso me dá medo e quero libertar você.
E me pergunto qual é o medo ou o ódio que o obriga a fechar-se."

Arnaud Desplechin, in Reis e Rainha, pela voz de Ismaël para Elias, um garoto de 10 anos.



28 junho 2007

Carne

Nossa carne...
Não sabemos donde viemos,
Mas sabemos para onde vamos.

Fragâncias do Olhar


19 junho 2007

Direto do velho caderno 2

A verdade é uma boa retórica
set./1998

Direto do velho caderno

Saio comprar um Machado de Assis
Meu primeiro livro literário!
No caminho, vou pensando...
Volto para casa com um dicionário.

(acho que esse foi o primeiro. Set. 1996)

Metalíngua

Palavra curta
Arrebenta
Minha poesia não se encomenda.

Palavra certa
Aberta
Tampouco se interpreta.

02 junho 2007

Duas é bom!


Sou um cinéfilo. Amador, muito amador, pouco ou quase nada li sobre cinema, sequer leio as sinopses, escolho os filmes principalmente pelas salas em que eles são exibidos, aliás, nos dois primeiros anos que morei em Sampa, assisti a todos os filmes das cinco salas do Espaço Unibanco de Cinema, para não perder nenhum, cheguei a assistir seis filmes em dois dias consecutivos, três para cada! Estive em diversas pré-estréias da “retomada do cinema nacional”, mesmo para as quais eu não era convidado, misturava-me entre os urbanóides e lá estava eu, aceitando uma taça de vinho, canapés... Desse tempo, marcaram-me os filmes iranianos.

Passaram-se quase dez anos e já não moro em Sampa, mas continuo seguro para afirmar: sou cinéfilo.

Digo isso porque tocou-me com grande surpresa o cinema nacional. Distraidamente aluguei “Cinema, aspirinas e urubus” e assim que acabei de vê-lo, maravilhado, não me contive: coloquei-me a assistir novamente desde o início. A segunda vez, já mais experiente e nem um pouco cansado, trouxe-me satisfação igual ou maior.

Como se não bastasse, na semana seguinte aluguei, já não tão distraído, São Paulo SA, de LS Person. No exato instante que acabei de ver o filme, a Tatiane, que muito me conhece, chegou em casa, e, vendo-me extasiado no sofá, também quis assistir ao filme. Não teve jeito, vi duas vezes seguidas, sem pestanejar.

Agradeço profundamente pelo incomensurável prazer que tive com esses filmes nacionais, escolado que estava com o cinema iraniano, sentir a mesma pulsação imiscuída na minha cultura-mãe não teve preço.

05 maio 2007

Cada um sabe a cara que tem


Ontem mesmo, na boa companhia, ao som do violão ao vivo, com caipirinha e pizza, recordava um fato antigo, do tempo em que participava de grupo de jovens cristãos, o que para mim está bem misturado com a escola. Nessas amistosas reuniões, auto-conhecimento era tema que fatalmente ocorria e, instados a responder o que não gostávamos em nós mesmos, talvez até para nos permitirmos uma bronca em Deus, lembro-me de uma amiga que respondeu não gostar de sua cara de brava.

A solidariedade e compaixão comum nessas reuniões fez coro uníssono afirmando e reafirmando a beleza estética da menina e concluindo pelo descabimento absoluto da queixa. Para minha satisfação, nesta reunião não tive de falar sobre mim nem comentar a dor dos colegas, pude manter meu aconchego silencioso e observador. Assim registrei a passagem com detalhes do salão do colégio e seus móveis em madeira, os rostos de alguns de nós e exatamente as palavras de um convicto: “A M. está reclamando de barriga cheia”, em tom escancaradamente ousado e revelando a todos uma ponta de interesse pela moça (quem pensa que nestes grupos de jovens só tem introspecção e recato desconhece a realidade).

Pois é, não entenderam a queixa. Tão prontos em ajudá-la e até com fundamento correto – a moça era mesmo bela – não se atentaram que ela se queixava de parecer brava, não feia. Fico aqui pensando, tão ou mais importante quanto as palavras, as expressões faciais dizem muito do nosso interior. Quão doloroso será expressar um sentimento que não existe interiormente ? Quão cansativo será explicar verbalmente que não está brava e receber de seu interlocutor um olhar de dúvida, pois não é isto que ele está vendo? Será que alterando a forma física de nosso rosto podemos alterar nossa felicidade ? Isso alteraria nossa personalidade ?

Não sabia e ainda não sei responder as questões, mas talvez uma constatação servisse de conforto a essa minha colega: essa dor não é exclusiva de quem parece brava. Quem tem cara de feliz, pode ser visto como bobo. Quem tem cara muito bela, pode ser visto como objeto fútil. Quem, a qualquer hora do dia, tem cara de que acabou de acordar, só mesmo meu cunhado sabe como é...

14 abril 2007

Ventriloquia

Nem sempre me ponho a escrever, não me faltam motes, falta-me um impulso a mais que não sei o que é... Dessa vez foi a Revista Piauí e seu concurso literário, o desafio era encaixar a frase "Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo." num contexto que lhe dê pé e cabeça... perdi o concurso, mas pouco importa, o bacana é que escrevi isso aí em baixo

PROSA-JAZZ

Não, de novo não, o que foi agora, esse som absurdo, liberta minha alma ou a prende. Aprenda o ritmo, rapaz! Eu me dedicava ao instrumento, mas o descompasso parecia ser minha natureza, tempo, contratempo, um, dois, um dois, um-ôps. Aprenda o ritmo, rapaz! Vá mais longe, apreenda! Eu continuava meu esforço, de boa-fé, concentrava e sentia a musicalidade, a pulsação, a batida, o "groove" e envolvia-me, entretia-me, a instrução era pra deixar sair, sentir, flutuar, relaxar, curtir. Crack! A batuta quebrou-se na minha cabeça e agora eu estava fora. O suingue, o gingado, o balanço seriam meus companheiros apenas de bebedeira? Estaria eu tão fora do tempo assim, condenado a ser consumidor quando queria ser criador? Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo. Não sou filho de oxum, mas tenho na família pessoa de sensibilidade, mostra que a sonoridade também é uma ilusão, pode vir e não vir de qualquer lugar, e habilidade tão especial usa-se para dar vida e graça ao que é inanimado, transcendência, meu caro, quero transcendência, não essa indecência que me impõem, uma regra, uma norma totalitária, a ser executada em exatos tons e tempos, como poderia uma matemática tão rigorosa produzir a espiritualidade da música, como poderia um metrônomo, uma máquina simples, guardar tamanha ambigüidade, é leal companheiro para uns, é carcereiro e carrasco para outros. Mas a liberdade nunca me pareceu fútil e fácil, então aguardem, se há que absorver completamente a norma para vencê-la assim será, até que, de baquetas em punho, um dia ainda vou sincopar.